1. Ocupação antrópica e problemas de ordenamento:
 
    1.2 Zonas costeiras (Análise de uma situação-problema).

As zonas costeiras são talhadas pela ação do mar no litoral. A subida e a descida das águas das marés, o movimento das ondas nas rochas são responsáveis pela ação destrutiva do litoral (abrasão marinha).

 Na vida da Terra, o nosso litoral já assistiu a várias subidas e descidas do nível do mar, alternância de regressões (períodos glaciares e interglaciares o que faz com que o nível da água do mar desça) e transgressões (períodos de fusão das grandes massas de gelo, o que faz com que o nível da água do mar desça), são responsáveis por estas alterações. As alterações climáticas que levam a estes fenómenos de regressão e transgressão, foram, ao longo da vida da Terra, responsáveis por várias extinções em massa.

http://espacociencias.com/site/ciencias-7o-ano/a-terra-conta-a-sua-historia/a-escala-do-tempo-geologico/

 

Atualmente na história da Terra assiste-se a um aumento progressivo da subida do nível do mar, causado pelo degelo das calotes polares, provocando um recuo na linha do litoral cerca de 5cm em cada 25 anos. Este período teve o sei inicio há cerca de 20000anos e durante este tempo a água subiu 150m.

http://geoerosao.blogspot.pt/2010/08/entendendo-erosao-costeira.html

Com toda a certeza já observaste que a grande maioria das praias portuguesas tem falésias ou arribas, muitos destes relevos são formados por rochas sedimentares e marcam o nível do mar no passado, tem a plataforma de abrasão marinha, formada por uma zona mais ou menos aplanada e de declive suave, e mais junto ao mar, onde ocorre a sedimentação das areias, trazidas essencialmente pela ação das marés, a praia propriamente dita. Só no litoral abrigado, pequenas enseadas, baias, é que é possível ocorrer a sedimentação das rochas detríticas, formando as praias de areias tão apreciadas por nós. 

Praia de São Julião - Arriba fóssil

As investidas das marés nas arribas desgastam-na e consoante o tipo de rochas que as forma e a sua morfologia procede-se ao recuo da linha de costa.

Matriz de perfis de arribas activas. M – processos marinhos; 
SA – processos sub-aéreos. Adaptado de Emery & Khun (1982)

http://www.aprh.pt/rgci/glossario/arriba.html

Arriba fóssil da Costa da Caparica

        Plataforma de abrasão marinha (modelado cársico- campo de lapiás ) - zona do litoral de cascais - Guincho


Praia do Guincho - As dunas têm um papel importante no avanço do mar para o interior. A biodiversidade das dunas do litoral contribuem para a sua fixação.

Erosão costeira

Cerca de 90% dos litorais estão em acelerado processo de erosão.

O Homem tem grande responsabilidade no agravamento deste fenómeno, eis algumas causas:

-A libertação do dióxido de carbono da queima dos combustíveis fósseis; a desflorestação que reduz a quantidade de oxigénio versus dióxido de carbono na atmosfera; os incêndios, emitem grande quantidade de gases libertados para atmosfera e provocam um aumento da temperatura do planeta, efeito de estufa, o que origina o degelo das calotes polares e a fusão do gelo tem consequências no litoral.

- A ocupação da zona litoral com construções e estruturas de lazer que interferem no equilíbrio natural da distribuição de sedimentos ao litoral.

- As barragens que aprisionam uma série de sedimentos nas suas albufeiras, sedimentos esses que deveriam ser depois encaminhados para as várias praias e que diminuiriam o efeito da erosão no litoral.

- A destruição das dunas da praia quer pelo piso contínuo quer pela destruição das espécies vegetais que "consolidam", barreiras naturais que evitam a aceleração da erosão no litoral.

- A construção desenfreada junto à costa, cerca de 3/4 da população portuguesa vive junto ao litoral.

- A exploração de matérias primas para a construção (exploração de inertes).

http://encontros.inuaf-studia.pt/gramb/Apresentacoes/files/OscarFerreira%20e.pdf

Para diminuir os estragos provocados pela natureza mas principalmente pelo Homem, têm surgido construções, supostamente protetoras das investidas do mar, os esporões,  molhes e os enrocamentos.

O Espigão (Esporão termo brasileiro) e os molhes (servem para tornar barras navegáveis, por exemplo as marinas),  são estruturas perpendiculares à praia que a protegem e podem ser formada de rochas amontoadas, de betão ou de tetrápodes de betão.

Normalmente estão associadas a portos de abrigo, resolvem localmente o problema das água mas transferem-no para outros locais. Os sedimentos deixam de se depositar a jusante e essas praias ficam sem areia, sendo a erosão superior à sedimentação. Na tentativa de reparar o estrago a jusante, o Homem vai construindo outras estruturas para reter as areias dessas praias.

Estas construções podem ser um perigo para os banhistas, pois alteram o percurso natural das correntes marítimas e criam autênticas armadilhas mortais na praia.

Os enrocamentos são estruturas em pedra sobre pedra que protegem as praias longitudinalmente (como se fossem

 paredes).

http://zonas-costeiras.blogspot.pt/

Espigão - Aveiro

Molhe em Peniche, abriga o porto de Peniche, formada de tetrápodes (betão)

Enrocamento

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Riprap.jpg

clica na imagem para ler o artigo

http://outramargem-visor.blogspot.pt/2009/02/construcao-de-esporoes-e-molhes-nao-sao.html

Consequências da erosão: destruição das construções, invasão pela água dos campos de cultivo, estreitamento e desaparecimento de praias, desaparecimento das areias, ficando os calhaus de maiores dimensão.

Portinho da Arrábida, Setúbal

Medidas de prevenção:

-Construção dos paredões e quebra-mares, anteriormente referidos, com estudos prévios. É eficiente para o local mas pode ser prejudicial para outros locais a jusante, para além de serem esteticamente feios, terem um custo muito elevado e de serem de curta duração.

-Injecção de areias com custos menos elevados que as construções anteriores e co menos impacto na paisagem. É uma medida temporária, pois a dinâmica da água vai retirando as areias depostas.

-Planos de ordenamento do litoral- de forma a proteger o litoral português elaborou-se os Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC), cujos objetivos são: identificar áreas de risco potencial, promover a reabilitação das áreas afetadas, elaborar medidas a tomar nas zonas afetadas e estabelecer regras. Foi também elaborado o Programa FINISTERRA, mais recentemente, como intuito de requalificar e reordenar o litoral português e de levar a cabo os POOC. No programa FINISTERRA existem as seguintes ações: estabilização de dunas, alimentação artificial das praias, construções de quebra-mares, e destruição de construções em áreas de risco.

[Ler artigo da Quercus contra o programa http://www.quercus.pt/comunicados/2003/setembro/2204-programa-finisterra-quercus-contra-super-regime-de-excepcao-para-a-orla-costeira]

[Um exemplo de um POOC - região Sintra http://www.cm-sintra.pt/pgcdr/pg/f20.html]

http://www.fc.up.pt/pessoas/ptsantos/azc-aula2.pdf

http://encontros.inuaf-studia.pt/gramb/Apresentacoes/files/OscarFerreira%20e.pdf